Religioso da Província dos Capuchinhos de Navarra-Cantábria-Aragão, nasceu na povoação de Guerendiáin, Ulzama-Navarra, em 12 de Setembro de 1913. Entrou no Seminário Seráfico de Alsásua em 1924 e, cinco anos depois, vestiu o hábito capuchinho no Convento de Sanguesa em 12 de Agosto de 1929. Aí emitiu a profissão temporária em 15 de Agosto do ano seguinte, a profissão perpétua em 15 de Fevereiro de 1935 e recebeu a ordenação sacerdotal em Pamplona a 6 de Janeiro de 1940.
Fez os estudos de Filosofia no Colégio de Hondarribia, de 1930 a 1934, e os de Teologia nos conventos de Estella, Pamplona, Lecároz e Tudela, de 1934 a 1940. Em 1937 teve de interromper o curso teológico, pois foi obrigado a fazer o serviço militar, alistando-se nos Serviços de Saúde do exército nacional. Tomou parte na batalha de Peñarroya, iniciada com êxito pelo exército republicano em 5 de Janeiro de 1939 e que terminou com a vitória dos nacionalistas no seguinte 4 de Fevereiro. Foi desmobilizado em 27 de Junho de 1939 e proposto pelo Comandante do seu batalhão para ser galardoado com a medalha de Campanha, Cruz Vermelha e Cruz de Guerra.
Foi então mandado pelos seus Superiores para Tudela, a fim de estudar, reflectir e preparar-se para as ordens sacras. Recebida a ordenação de presbítero, o seu lugar de destino foi o Convento de Sanguesa. Aí esteve cerca de três anos, de 1940 a 1943. Daí partiu para Portugal, onde chegou em 28 de Agosto de 1943. Vinha substituir o Frei Rafael de Alegria que no dia anterior se retirara definitivamente para Espanha.
Depois de ter residido na Fraternidade do Porto três meses, em 10 de Novembro de 1943 foi agregado à de Barcelos, onde permaneceu até Outubro de 1946. Aí prestou valiosos serviços, trabalhando intensamente no ministério da reconciliação, pregando em diversas paróquias do concelho e, sobretudo, organizando e dirigindo a animação do canto litúrgico na nossa igreja de Santo António. Atraíu ali muitíssima gente, fascinada pelo timbre da sua voz, pelos seus excelentes dotes musicais e pelas suas qualidades oratórias.
Foi depois transferido para a Fraternidade de Coimbra, onde residiu mais de cinco anos, continuando com um activo ministério sacerdotal e ajudando o Frei Domingos de Madrid a chamar os fiéis à nossa igreja de Santa Justa, sobretudo jovens universitários que ali afluíam em grande número.
Em Janeiro de 1952 deixou Coimbra e passou para a Fraternidade do Porto. Aí continuou até fins do ano lectivo, dando aulas aos alunos do Seminário Seráfico e aos estudantes de Teologia.
Em Setembro de 1952 foi colocado em Barcelos, onde permaneceu até se retirar definitivamente para Espanha, o que aconteceu em 22 de Novembro de 1953.
O Frei Nicanor de Guerendiáin foi um Religioso que veio ainda muito jovem para Portugal e aqui nos prestou uma ajuda valiosíssima. De temperamento sonhador e arrojado, persistente e inflexível no seu modo de ser e de pensar, salientou-se sobretudo pelas suas aptidões musicais para o canto: a sua bela voz de barítono era potente, vibrante, melodiosa e modulada com grande mestria. As pessoas, que frequentavam as nossas igrejas, maravilhavam-se ao ouvi-lo cantar. Os jovens sentiam-se atraídos pelo seu jeito brincalhão, mas profundamente pedagógico, de dialogar e de estar com eles. Durante a sua estada em Coimbra era constantemente procurado pela juventude universitária que via nele o amigo, o confidente e o conselheiro. Mas deixou-nos sobretudo um grande testemunho de humildade, de obediência e espírito de serviço.
Regressado à sua Província, até 1955 viveu no Convento de Pamplona dedicado à pregação e ao ensino na Escolania de Santo António. A 2 de Setembro de 1955 foi destinado às missões da Argentina. Residiu durante muitos anos no Convento de Nossa Senhora do Rosário de Nova Pompeia. De 1963 a 1966 foi Guardião dessa Fraternidade e nomeado Assistente do Comissário Provincial.
Em 1976 foi transferido para a cidade de Mendonza e aí permaneceu até 1984 exercendo, entre outros ministérios, o de responsável da paróquia dos capuchinhos de Godoy Cruz e da paróquia diocesana de Santo António, sem nunca deixar de pregar missões populares.
De 1985 a 1991, viveu e trabalhou sucessivamente em Llavallol, perto de Buenos Aires, em Las Heras, nos arrabaldes de Mendonza, e no santuário de Nova Pompeia de Buenos Aires. Em 11 de Junho de 1991 regressou à Província, com a saúde já muito debilitada, e foi internado na Enfermaria Provincial de Pamplona.
Faleceu em 4 de Dezembro de 1992. Contava 79 anos de idade, 62 de vida religiosa e 52 de sacerdócio.