Páscoa de Fr. Joaquim Monteiro
Hoje de manhã, dia 07 de Maio de 2015, no Hospital de Santa Maria do Porto, onde estava internado há vários dias, o nosso querido FR. JOAQUIM MONTEIRO partiu para a “Casa do Pai”. Depois de ter passado pela “cruz” do sofrimento, o Fr. Joaquim Monteiro já celebra a sua “Páscoa”, agora na Jerusalém celeste. Deixa este corpo de sofrimento para assumir um corpo imortal. Contava 80 anos de Vida, 62 de Vida Consagrada e 56 de Ministério Sacerdotal.
Frei JOAQUIM MONTEIRO
[1934 – 2015]
80 anos de Vida | 62 de Vida Religiosa | 56 de Sacerdócio
Fr. Joaquim Monteiro, filho de Manuel Monteiro e de Custódia Maria da Costa Ramos, nasceu em Serafão, concelho de Fafe, a 29 de Julho de 1934. É irmão do saudoso D. António Monteiro [+ 2004], capuchinho e Bispo de Viseu. Entrou para o Seminário dos Capuchinhos no Porto a 3 de Outubro de 1947. Vestiu o hábito na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos a 1 de Agosto de 1951 e a 6 de Agosto de 1952 fez a sua Profissão temporária dos votos religiosos, emitindo a Profissão perpétua em Salamanca, a 10 de Agosto de 1955. A 21 de Fevereiro de 1959, na Catedral de Salamanca, foi ordenado sacerdote por Dom Francisco Barbado Viejo. Fez os seus estudos superiores em Salamanca, de 1955 a 1959, obtendo na Universidade Pontifícia, em 1960, a Licenciatura em Teologia.
Integrou quase sempre a Fraternidade do Porto, tendo passado também por Barcelos e Gondomar. Foi Director das revistas «Paz e Bem» (1960-1969) e «Bíblica» (1978-1987), onde deixou dezenas de artigos publicados, particularmente nesta última. Foi da sua iniciativa terem-se iniciado na revista BÍBLICA os comentários às Leituras Dominicais, a partir de 1978.
Algumas publicações do Fr. Joaquim Monteiro:
– «Dinamização Bíblica do Povo de Deus», Difusora Bíblica, Lisboa, 1978, 204 págs.; «O mistério da Igreja no Itinerário Catecumenal», Telos, Porto, 1986, 96 págs.; Alguns estudos científicos publicados em separatas, como: «Eclesiologia e eclesiologias», Porto, 1981, 47 p., Humanística e Teologia, t. II, f. 1), «Itinerário espiritual de São Francisco de Assis», Porto, 1981, 40 p., Humanística e Teologia, t. II, f. 3), «O Diabo na teologia e a teologia do Diabo», Porto, 1984, 56 p., Humanística e Teologia, t. V, f. 1), «A dinâmica mística da Vida Espiritual», Porto, 1987, 48 p., Humanística e Teologia, t. VIII, f. 1.
Esteve ainda na base da elaboração dos conteúdos para o I e II Cursos de Dinamização Bíblica, iniciados em 1975. Tem dedicado a sua vida, sobretudo, ao ensino, como professor de Teologia, leccionando diversas disciplinas, primeiro no Centro de Estudos da Ordem, no Porto, depois no ISET (Instituto Superior de Estudos Teológicos), criado para os alunos de todos os Institutos Religiosos do Norte, a seguir, no ICHT (Instituto de Ciências Humanas e Teológicas), fundado no Porto para Religiosos e diocesanos e, finalmente, na Universidade Católica, no Porto (recebeu a jubilação a 17/06/2004, em sessão solene na UCP-Porto).
Durante alguns anos foi também director do CER (Centro de Estudos para Religiosas) e, de 1978 a 1981, exerceu, ainda, o cargo de Director dos Estudantes de Teologia da Ordem em Portugal. Foi eleito Definidor para o Governo da Província Portuguesa dos Franciscanos Capuchinhos para os triénios de 1975-1978 (III Capítulo Provincial); 1978-1981 (VI Capítulo Provincial); e 1987-1990 (VIII Capítulo Provincial).
Trabalhou em vários Movimentos eclesiais, como os Cursos de Cristandade, a Catequese, as Equipas de Casais e Grupos de Base, entre outros. Tem sido chamado a orientar vários Capítulos Provinciais de Irmãs Religiosas, destacando-se igualmente na orientação de Retiros, quer ao clero, quer a congregações religiosas. Como teólogo, é bastante solicitado, tendo sido encarregado de examinar os escritos da Venerável Irmã Rita de Jesus, em ordem ao processo de beatificação (foi beatificada em Viseu, em 2006). Ainda como conferencista, tem sido chamado várias vezes a dar a sua colaboração nas Semanas Bíblicas (regionais e nacionais). O Fr. Joaquim Monteiro dedicou praticamente toda a sua vida ao estudo e ao ensino da teologia. Por este motivo, a Universidade Católica, em 2004 (17 de Junho), prestou-lhe uma justa homenagem, conforme notícia da «Voz Portucalense»:
«Voz Portucalense» (16.06.2004)
“Liberdade e criatividade franciscana”
«Frei Joaquim Monteiro consagrou a quase totalidade da sua vida ao estudo e ao ensino da teologia. Gerações e gerações de alunos que ajudou a formar, e que carinhosamente o tratam por “Mestre”, testemunham a sua liberdade e criatividade no ensino e no tratamento dos assuntos.
Ao completar setenta anos, Frei Joaquim merece a jubilação pelo seu labor incansável de formar na liberdade e para a liberdade. Nisso, assimilou profundamente o espírito de Francisco de Assis, espírito que transparece em toda a sua vida. O melhor que se pode dizer de alguém que ensina teologia é que é um crente. Tal se pode dizer de Frei Joaquim. E por isso, todas as escolas de teologia que houve no Porto e a que esteve ligado lhe estão gratas por várias dezenas de anos de labor.
O trabalho de Frei Joaquim reflecte o seu franciscanismo noutros aspectos, como sejam o esforço de olhar incessantemente para as fontes bíblicas da fé, à procura de Jesus, na simplicidade da sua pessoa e do seu programa, para lá de séculos e séculos de uma tradição, discutível em muitos aspectos. Com essa frescura originária da fé, procurou Frei Joaquim confrontar os seus alunos. Muitos deles agradecem-lhe essa ligação entre teologia e espiritualidade e penitenciam-se de não ter sido capazes de compreender e viver o programa de liberdade, mesmo quanto à forma de prestação de contas de avaliação (exames), que promovia de forma tão responsabilizante.
A integração de Frei Joaquim no corpo de professores na Faculdade de Teologia e nas escolas que a precederam, no Porto, mostra uma opção pela pluralidade de proveniências de docentes e estudantes, que é uma grande riqueza destas escolas. Isso enriquece muito uns outros.
Na hora de ver jubilar-se Frei Joaquim, é justa a gratidão pelo património que nos deixa, e é devida a expectativa de ver continuada a tradição de um contributo de franciscanismo na Faculdade de Teologia.»
JORGE TEIXEIRA DA CUNHA